No ano de 1964, eu tinha 8 anos, vivia com a minha avó, o meu pai, a minha mãe e com o meu irmão mais velho numa pequena casa em Lisboa. Éramos uma família simples, a minha mãe era costureira e o meu pai trabalhava num escritório de contabilidade, o meu irmão não tinha trabalho mas tinha acabado de fazer 18 anos.
Numa tarde como muitas outras, eu e o meu irmão estávamos sentados no nosso quintal, debaixo de um limoeiro, que sempre foi o nosso lugar secreto. O sol estava a pôr-se, começava a desaparecer e deixava o céu com tons laranja e rosa. Eu estava a brincar com as minhas bonecas enquanto o Rodrigo, o meu irmão mais velho, permanecia calado, ele estava mais silencioso do que o normal.
-Bia, preciso de falar contigo sobre uma coisa importante.- disse ele enquanto olhava diretamente para mim.
Olhei para ele preocupada
-O que foi Rodrigo? - perguntei, largando as minhas bonecas.
Ele respirou fundo e segurou minha mão
-Vou para a guerra.
As palavras dele demoraram a fazer sentido na minha cabeça. Guerra. Era uma palavra que eu conhecia dos livros de histórias que a minha mãe me lia antes de dormir, mas ouvir o meu irmão dizer aquilo parecia irreal
-Mas...porquê? - perguntei. Sentia as lágrimas a encher nos meus olhos
-Porque é o meu dever, Bia. Como homem tenho a responsabilidade de defender o nosso país e ajudar aqueles que precisam. É difícil de explicar, mas às vezes temos que fazer coisas difíceis para tornar o mundo num lugar melhor.
-Mas a guerra é perigosa! - exclamei enquanto apertava a mão dele com força - E se algo te acontecer?
Ele sorriu, um sorriso triste, e puxou-me para um abraço apertado.
Uns dias depois despedimo-nos do Rodrigo, que embarcara do cais da rocha do conde de Óbidos, no paquete “Vera Cruz” na sua viagem para Angola. O barco ia cheio de jovens e em terra havia muitas famílias e namoradas a chorar.
Quando regressei a casa encontrei uma carta deixada pelo Rodrigo que dizia “Para a minha família”:
“Escrevo esta carta para me despedir antes de partir para a guerra do Ultramar. Partir é difícil, mas vou com determinação e amor por vocês, Pai, mãe, a minha irmãzinha, vocês foram o meu apoio e inspiração. Prometo lutar com coragem e honra, mantendo-vos sempre nos meus pensamentos. As lembranças dos momentos felizes que compartilhámos serão a minha força nos momentos difíceis. Por favor, cuidem uns dos outros enquanto estou longe. Aguardo ansiosamente o dia em que poderei voltar para casa e estar novamente ao vosso lado. Com amor, Rodrigo. “
Após ler a carta soltei um soluço, deixando escorrer uma lágrima pela minha bochecha. Abracei a carta com força, como se isso pudesse trazer o meu irmão de volta. Mas ao mesmo tempo senti um orgulho misturado com uma dose de medo, pois sabia que o meu irmão estava disposto a servir com coragem e honra, mas tinha muito receio do que podia vir acontecer com ele.
No ano de 1964, eu tinha 8 anos, vivia com a minha avó, o meu pai, a minha mãe e com o meu irmão mais velho numa pequena casa em Lisboa. Éramos uma família simples, a minha mãe era costureira e o meu pai trabalhava num escritório de contabilidade, o meu irmão não tinha trabalho mas tinha acabado de fazer 18 anos.
Numa tarde como muitas outras, eu e o meu irmão estávamos sentados no nosso quintal, debaixo de um limoeiro, que sempre foi o nosso lugar secreto. O sol estava a pôr-se, começava a desaparecer e deixava o céu com tons laranja e rosa. Eu estava a brincar com as minhas bonecas enquanto o Rodrigo, o meu irmão mais velho, permanecia calado, ele estava mais silencioso do que o normal.
-Bia, preciso de falar contigo sobre uma coisa importante.- disse ele enquanto olhava diretamente para mim.
Olhei para ele preocupada
-O que foi Rodrigo? - perguntei, largando as minhas bonecas.
Ele respirou fundo e segurou minha mão
-Vou para a guerra.
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