Orientação e Edição Professora Lúcia Santos
Ilustração da capa Filipe Magalhães
Revisão linguística Professora Anita Graça
abril 2020

Para um dia recordar
Este livro ´é uma coletânea de pequenas histórias, que retratam o dia a dia, em casa, dos alunos devido ao COVID-19. As páginas foram escritas e ilustradas pelos artistas do 6º ano, turma A, do Agrupamento de Escolas de Oliveirinha, Escola Castro Matoso que aceitaram o desafio proposto à turma: Abdelilah, Afonso, Alexandre, Ana Pedro, Ana Rita, Ângela, Beatriz, Eliana, Filipe, Guilherme, Inês, Maria, Matilde, Miguel, Rafael, Tomás e Diogo.
Olá!
Chamo-me Abdelilah, tenho doze anos e vivo estes dias fechado em casa com a minha mãe e a minha irmã.
Eu e quase todos estamos no nosso cantinho por causa de um vírus que começou a dominar o mundo. O nome dele é Coronavirus, porque tem a forma de uma coroa. Como é muito contagioso e perigoso para o ser humano, fomos obrigados a ficar em casa.
O vírus e o mundo
-Abdelilah-
Quando tínhamos escola, só via a minha irmã ao fim do dia. Agora, com ela sempre aqui ao meu lado exclamo verdadeiramente surpreendido:
-Nunca tinha reparado no teu cabelo tão longo!
-Nunca tinhas reparado porque estás sempre a olhar para o ecrã, ando com ele amarrado, é normal. Há dois meses que não podemos ir ao cabeleireiro - respondeu a minha irmãzinha cheia de razão.

Um dia, a minha mãe estava prestes a sair para ir fazer compras e eu fui com ela.
Na entrada do supermercado vi coisas estranhas. Pessoas com máscaras e luvas que pareciam monstros de outro mundo. A minha mãe tinha-me dito que era para se protegerem do novo Coronavírus. Ele não se vê, mas se o respirarmos...ai! ai!
Ouvi na televisão que apareceu primeiro na China, passou para Itália e agora está em Portugal e em quase todo o mundo. Foi tudo tão rápido e assustador!

A minha Quarentena
-Afonso-
Olá, sou o Afonso e tenho 12 anos.
Moro com a minha mãe, o meu padrinho, os meus avós e a minha bisavó.
E lá estou a twittar outra vez! O melhor é dar corda aos neurónios e contar o que se está a passar.

A minha quarentena (Mas onde é que já vão os quarenta dias?!) está a ser um pouco aborrecida, eu até diria chata, mas esta palavra não se deve usar na escrita.
O que me vale, o que me anima é ir falando com os meus amigos pela net e passar mais tempo com a minha família o que é sempre bom. Quando todos saiam para o trabalho e eu para a escola, mal nos víamos.

E acabei tal como comecei, a twittar. Escrever frases com mais de cento e quarenta caracteres exige muito trabalho!
Agora o mais difícil é adaptar-me às aulas online, mas vou conseguir, porque tenho vontade e quero aprender.
Agora o mais difícil é adaptar-me às aulas online, mas vou conseguir.

O mundo à minha volta nestes tempos
-Alexandre-
Olá, eu sou o Alexandre e tenho 11 anos.
Estou de quarentena com os meus pais, avó e irmã. Estes dias têm sido difíceis. Acordo de manhã e vou logo para o computador, porque costumo ter alguns trabalhos e eu gosto de cumprir. Mais tarde vai ser a sério e vou precisar de alicerces para enfrentar o 7º ano e a puberdade. Ui, que trabalheira!
Antes era muito diferente, as pessoas andavam todas na rua, podiam conversar e conviver. Agora, não posso estar com os meus amigos, não posso ir aos jogos de futebol da minha irmã, não posso ir comer um gelado num dia quente e nem numa esplanada podemos estar ao sol. Agora está tudo fechado. Não há um cinema ou um restaurante aberto. As ruas estão desertas.

Espero, que no futuro, este vírus seja eliminado.
Já tenho saudades de ir para a rua passear os meus cães e fazer alguma atividade.
Temos de continuar em casa, protegidos, para ver se a vida volta ao normal. Dizem que o pico da pandemia já passou, mas eu e os meus familiares duvidamos.
PS: Quem estiver a ler isto, por favor fique em casa.
A quarentena
-Ana Pedro-
Vou contar-vos a história da minha amiga Catarina que está em casa, de quarentena com a mãe, tal como eu e a minha família por causa do COVID-19. Elas, como todos, têm muitas saudades da vida normal. Ocupam os tempos livres com atividades de culinária e jogos. A mãe dela, tal qual a minha, vai ao fim de semana a casa dos avós para ver se eles precisam de alguma coisa, porque as pessoas com mais idade necessitam de cuidado e atenção.

A Catarina tem tido aulas online como todos nós, mas não está muito satisfeita com as aulas na televisão. A mãe está sempre a dizer-lhe que aquilo é importante para o seu futuro. Até parece a minha a falar! As mães devem dizer todas o mesmo!
Agora é que ela começou a perceber que afinal até gostava da escola. Algumas aulas eram um pouco aborrecidas, uma seca, como nós dizemos, mas era muito melhor do que ter aulas em casa.
A mãe da minha amiga, todas as mães, a minha então... estão preocupadas com esta situação do COVID-19, que para além de prejudicar muito a saúde, também prejudica imenso a economia. Não há trabalho, não há dinheiro. É uma situação muito crítica e triste para muitos. Há colegas nossos de escola, que os pais deixaram de ter trabalho e não havendo trabalho, não há dinheiro, não há comida em casa.
As nossas mães trabalham juntas e nós também nos preocupamos porque elas têm de sair, mas são muito cuidadosas e corajosas.

Os dias mais difíceis da minha Vida
-Rita-
Eu sou a Rita, tenho 11 anos e tem sido bastante difícil ficar em casa, por causa do Coronavírus, também conhecido pelo acrónimo COVID-19, porque apareceu em 2019. Há pouco tempo, ouvíamos falar dele na China, depois na Itália, Espanha e agora já está aqui em Portugal, onde eu vivo.
Nestes dias eu fico em casa só a ver televisão, de vez em quando vou ao telemóvel, faço algum desporto mas só no interior... quando poderei voltar ao remo? Sinto saudades do ar fresco, do vento no rosto.

A minha mãe tem andado bastante preocupada, o meu irmão tem asma e eu também tenho alguns problemas respiratórios, o que a deixa algo ansiosa. Às refeições temos conversado muito sobre o assunto e nas notícias também não falam de outra coisa, o que me deixa nervosa e assustada.
Vou pedir aos meus pais para mudarem para um canal onde passem coisas divertidas!

Estou em pulgas porque quando as aulas recomeçarem, vou aprender mais matérias e mais desafiantes, como eu gosto e estarei no 7ºano. Vou reencontrar os meus amigos e professores e conhecer caras novas. Será que alguém me vai dizer "Rita, não te estiques para debaixo da mesa, és algum elástico?"
Não!! Nessa altura já sou uma jovem!
Vai ficar Tudo Bem!

A vida em clausura
-Ângela-
Sou a Ângela, tenho 11 anos e por culpa do COVID-19 estou fechada em casa há imenso tempo. E logo eu que gosto tanto de correr e saltar ao ar livre! O vírus, maldito bicho invisível, é contagioso e por esse motivo, se não queremos adoecer, não podemos sair do nosso canto.
A minha mãe tem problemas respiratórios, o meu pai está em idade de risco, como dizem agora, por isso estão ambos muito preocupados, eu até penso que mais comigo.

Tudo começou na China e foi-se alastrando pelo mundo, até chegar a nós. Só se ouve: COVID-19, COVID-19, COVID-19... Por favor falem-me de maçãs, de lanches à porta da sala de aula, dos meus treinos de basquete cancelados, dos ensaios do Clube de Teatro, dos risos, dos choros e até das zangas, das desculpas esfarrapadas para não apresentar o livro do PNL... Não gosto desta maneira de viver!
Nunca mais pudemos ir à escola, mas as aulas continuam, são online e está a ser difícil, mas com o treino estou a habituar-me. E agora que já disponho dos meios necessários, faço sempre os trabalhos de casa todos.

Sinto tristeza por não poder ver os meus amigos e familiares, gostava de os abraçar.
Imitando a Ágata, vou deixar um recado ao coronavírus: Por isso sai, sai da minha vida
Vai não quero sofrer...
A minha vida em casa é uma clausura*.
*clausura- vida de quem não sai de casa, reclusão
Poupei-vos uma ida ao dicionário!

UMA FAMÍLIA FECHADA EM CASA
-Eliana-
A Rita, minha amiga, minha colega e minha vizinha está agora sempre em casa como eu. Só nos vemos, às vezes, da janela e acenamos. E tudo isto porque anda por aí um vírus chamado COVID-19 que é muito perigoso. A mãe e o irmão estão sempre em casa com ela, mas o pai trabalha numas bombas de gasolina e a mãe fica preocupada por ele estar sempre em contacto com pessoas. Este vírus pode matar-nos ou deixar-nos doentes. Os idosos têm de ter mais cuidado porque são mais frágeis e alguns já têm outros problemas de saúde
Nas notícias todos os dias nos recomendam:
Lavar bem as mãos durante 20 segundos;
Usar máscara no dia a dia;
Usar luvas no dia a dia;
Não dar abraços nem beijos a ninguém.
O irmão tem 3 anos, ela bem tenta explicar-lhe o que é o vírus, mas felizmente, ele ainda não entende. Às vezes era bom sermos pequeninos e inocentes outra vez.
Eu e a Rita já estamos cansadas de estar fechadas em casa. Se ao menos pudessemos, uma vez ou outra, dar uma volta de bicicleta juntas! Telefonou-me e disse-me que não quer voltar às aulas. Então como vai aprender? Penso que é só a armar-se em engraçadinha!

Quando eu nasci... e agora...
-Beatriz-
O meu nascimento era aguardado e desejado pelos meus pais e irmão. Estavam ansiosos por ouvir o meu primeiro choro e ver a minha cara rosada. Sim, porque os bebés choram quando nascem e parecem todos cor de rosa. O parto foi difícil e acabei com uma clavícula partida. Felizmente recuperei e acabou por ficar tudo muito bem. O meu irmão, quando me viu pela primeira vez, chorou de alegria e a única coisa que ele queria era pegar-me ao colo.
Cresci saudável e como prenda dos seis anos recebi um cão, um dálmata. Morreu muito jovem, viveu só dois anos e eu fiquei muito, muito triste. Passados dois meses deram-me um labrador e eu fiquei muito feliz. Ainda está comigo e é o meu melhor amigo!
E chegou o dia 02-02-2020, o melhor dia da minha vida! Recebi a notícia de que vou ser tia. Aí sim, tenho de ser muito responsável.
Estava tudo tão bom, mas ouvia-se falar de um vírus que na China matava muita gente. Nunca esperávamos que ele chegasse cá, mas chegou e a todo o mundo. Fecharam as escolas, as fábricas, fechou quase tudo, menos os hospitais sempre a receber cada vez mais doentes.
E agora que faltam quatro meses para eu ter um bebé na minha família temos de ter muitos cuidados. Ainda não sei se vai ser menino ou menina mas eu tenho quase a certeza que é uma menina. Em setembro vou ser tia e vai correr tudo bem, mesmo que seja menino.
O meu dia a dia nesta quarentena
-Filipe-
Olá, o meu nome é Filipe e tenho 11 anos.
Tenho vivido estes últimos dias fechado em casa, com a minha mãe, o meu pai, o meu cão e a minha tartaruga. Como tenho a sorte de morar mesmo ao lado dos meus avós, vejo-os todos os dias, para minha alegria e deles também. Gosto muito da minha família e deixa-me triste não os poder abraçar. Eles adoram os meus mimos e eu os deles.

Ouvia os meus familiares e os jornalistas falarem de um vírus que existia na China, mas não estava muito preocupado pois a China fica bem longe daqui. Rapidamente se espalhou por diversos países e também chegou a Portugal. Fecharam as escolas e eu tive de ficar em casa.
Este vírus é muito violento, extremamente contagioso e deixa as pessoas muito doentes podendo mesmo levar à morte.
Ficámos todos muito preocupados. Ele é microscópico e por isso invisível e nunca sabemos quando nos pode contagiar.

Resumindo, o meu dia a dia é estar em casa e ajudar em algumas tarefas domésticas. Falo com os meus amigos através da consola e vou praticando Krav Maga em casa por videochamada. De vez em quando, falo com os meus tios e tias por videochamada também. Dou comida à minha tartaruga e ao meu cão e faço os trabalhos de casa que as minhas professoras nos mandam.
E assim vou ocupando o tempo com a esperança de que toda a gente fique bem.

Fechado em casa
-Guilherme-
Acordo e vejo a minha gata deitada no tapete e dou-lhe um miminho. Tomo o pequeno almoço, faço a higiene e visto-me. Depois vou fazer os T.P.C.
Um rapaz assim organizado, atilado e cumpridor só podia chamar-se Guilherme, eu mesmo!
Uma vez que não podemos pôr o pé fora de casa, tenho reparado mais nas aventuras da minha gata.
Uma tarde, enquanto fazia os trabalhos nos livros de fichas, vejo-a no tapete com um pássaro na boca. Houve outro episódio caricato, mas divertido que vou contar: a minha gata é muito medrosa e estava apavorada como sempre, quando percebeu que eu e a minha mãe estávamos atrás dela com a pipeta do desparasitante das pulgas, enquanto ela fugia de nós. Até tentou morder a minha mãe! Ficou tão assustada que paralisou na minha cama e ela nunca gostou da minha cama.
Será que os animais também percebem que está tudo diferente?
Claro que não observo só as aventuras da gata medrosa.
Cumpro sempre o horário da escola, que passou a ser online e a seguir, tenho aulas de dança e karaté. Mais tarde vou jogar um pouco.
Acabo o dia a jantar, visto o pijama e vou-me deitar, para tudo recomeçar na manhã seguinte enquanto aguardo novos filmes da minha gata.
A minha casa é uma história
-Inês-
A minha casa está plantada entre a A25, a EN109, o supermercado Pingo Doce e o supermercado Continente... passe a publicidade. Assim, quando fui condenada a esta prisão domiciliária, passei a fazer os relatos diários do tráfego: dia 17 de março verifico muitos camiões na A25 e vejo o preço dos combustíveis, felizmente, a diminuir.
Com pai e mãe professores estava o caos instalado. Os telefones a tocar, as mensagens a chegar, as videochamadas a entrar pela casa adentro. Socorro! Vivo num Call Center! Só me escapo disto quando vou apanhar sol na varanda ou jogar à macaca na rua com o meu irmão, mas a chuva tem apagado a felicidade e o giz.

As férias da Páscoa a chegar e a paciência a acabar. Que coisa estranha! Este ano fico em casa, não vou ver os meus avós ao Alentejo. Até a Páscoa ficou presa!
Mas nasceram outras histórias de mãos hábeis: eu e mãe costuramos máscaras, o mano e o pai fazem peças de Xadrez em madeira e para pensarmos em Jesus, vimos Jesus Cristo Super Star, um musical lindo, uma ópera rock de 1973. Prendeu-me a atenção. Adorei. Mas para a Páscoa ficar completa ainda faltava alguma coisa. Uhm o que será? Já sei! A caça aos ovos escondidos nos armários e todos eles com surpresas. Foi a parte melhor e mais doce!

Já viram isto? A minha casa é o cantinho das histórias e até vamos regressar ao passado recuando aí uns 40 anos. A telescola ressuscita e vem viver connosco. Também mudei o visual, há mais de um mês que só visto pijama e fato de treino. Os horários têm um ritmo esquisito, mas eu habituo-me o melhor que consigo.
Sabem uma coisa? De repente, todos parecemos alunos um bocado loucos e de certeza que os professores também se sentem assim. A única coisa normal é que continuamos a lavar sempre as mãos.
A minha casa ainda vai dar mais histórias.
- Full access to our public library
- Save favorite books
- Interact with authors
Orientação e Edição Professora Lúcia Santos
Ilustração da capa Filipe Magalhães
Revisão linguística Professora Anita Graça
abril 2020

Para um dia recordar
Este livro ´é uma coletânea de pequenas histórias, que retratam o dia a dia, em casa, dos alunos devido ao COVID-19. As páginas foram escritas e ilustradas pelos artistas do 6º ano, turma A, do Agrupamento de Escolas de Oliveirinha, Escola Castro Matoso que aceitaram o desafio proposto à turma: Abdelilah, Afonso, Alexandre, Ana Pedro, Ana Rita, Ângela, Beatriz, Eliana, Filipe, Guilherme, Inês, Maria, Matilde, Miguel, Rafael, Tomás e Diogo.
Olá!
Chamo-me Abdelilah, tenho doze anos e vivo estes dias fechado em casa com a minha mãe e a minha irmã.
Eu e quase todos estamos no nosso cantinho por causa de um vírus que começou a dominar o mundo. O nome dele é Coronavirus, porque tem a forma de uma coroa. Como é muito contagioso e perigoso para o ser humano, fomos obrigados a ficar em casa.
O vírus e o mundo
-Abdelilah-
- < BEGINNING
- END >
-
DOWNLOAD
-
LIKE
-
COMMENT()
-
SHARE
-
SAVE
-
BUY THIS BOOK
(from $20.79+) -
BUY THIS BOOK
(from $20.79+) - DOWNLOAD
- LIKE
- COMMENT ()
- SHARE
- SAVE
- Report
-
BUY
-
LIKE
-
COMMENT()
-
SHARE
- Excessive Violence
- Harassment
- Offensive Pictures
- Spelling & Grammar Errors
- Unfinished
- Other Problem
COMMENTS
Click 'X' to report any negative comments. Thanks!