
Existem lugares que de tão belos, todos nós ouvimos falar e lá desejamos ir. Outros há que de tão especiais e mágicos, não nos é permitido saber sua localização.
Mas acima de tudo, de alguns sabe-se que o terreno em que habitam vai para além da terra que pisamos.
São estes territórios que apesar de não caberem num mapa, cabem na mente de todos aqueles que sonham. Pois eu sou um deles e a vocês posso dizer, eles são verdadeiros.

-Oiçam então as minhas palavras porque o que vos contarei, sussurrou-me ao ouvido Ventos de Mudança.
Ventos de Mudança, talvez não saibam, mas trata-se de um Trovador errante que vagueia há tanto tempo pela terra, que não se sabe sua paternidade, sua origem e sua idade.
É verdade que nunca seu corpo se viu, e muitos duvidam que ele exista, no entanto todos nós já o sentimos, quando uma brisa toca em nosso rosto ou simplesmente quando nosso cabelo se agita numa praia qualquer.
Acreditemos ou não, certo é que ele já viu e ouviu de tudo, ao longo das suas viagens por territórios ao qual não nos seria sequer permitido visitar. Muitos deles, lugares mágicos e alguns já perdidos.
Quanto à nossa história, conta Ventos de Mudança que numa das suas longas viagens, encontrou um país chamado Abril.
Abril, conta o vento, era um enorme campo de cravos, colorido e perfumado. Quem lá vivia tinha orgulho no seu país.
Bem, mas isso…


Isso foi antes, muito antes, tão antes, que mesmo aqueles que nele viviam, poucos se lembravam de Abril assim!
Nosso trovador, o que viu realmente quando lá chegou foi somente… escuridão.
Outrora, Abril era um mundo mágico, onde viver poderia descrever-se como uma sensação de quem se deita numa relva fresca com o sol tocando nosso rosto enquanto um suspiro surge transformado num sorriso.
Porém este local transformou-se em algo feio e triste.
Tudo começou quando um certo dia surgiu Ditadura. Ditadura, vinda sabe-se lá de onde, era uma velha muito rabugenta e que detestava ouvir um sorriso, ver uma paleta colorida, escutar uma música entoada numa guitarra qualquer. Isto é o que ela era, mas o que mudou destino de Abril, foi o que ela fez.
Em sua distorcida vontade, decidiu roubar o sol daquele mágico e colorido lugar que a ela nunca pertencera, e do qual agora se apossara.
Desde esse momento nunca mais foi dia em Abril…
Ditadura para concretizar seu plano, chamou sua amiga, a tão negra Escuridão.
Juntas, lançaram seu manto escuro como a noite, e apoderaram-se daquele país que outrora emanava luz e felicidade.
Logo os corvos deram lugar aos coloridos pássaros que antes preenchiam os céus.
Vigilantes na noite, os corvos tudo viam, e tudo contavam a Ditadura.

Muito tempo se passou neste local agora sombrio e onde seus habitantes perderam a alegria de outros tempos.
Absorvidos pela noite, entraram num sono profundo. Mas quem os poderia censurar? Enquanto dormiam, poderiam sonhar e viver num Abril que já não existia.
O que aconteceu a seguir, Vento de Mudança não me disse, mas creio que foi certamente sua chegada que despertou um desejo nos mais improváveis seres daquele recanto.
Certo dia, quer dizer, noite, um grupo de crianças enfadadas por não poderem brincar á luz do dia, decidiram fazer algo.


Alegria, era uma menina órfã, separada à nascença de sua irmã Tristeza e com a qual nunca mais se cruzou…bem, mas isso é outra história.
Liberdade, era um rapaz oriundo de um outro lugar onde a música e a cor andavam de mão dada, livres e felizes, e que alimentava sua memória.
Embebido por esse espirito que nunca perdera, fazia das palavras e da música sua forma de tentar despertar quem o rodeava.
Coragem que era o mais velho e adorava brincar aos soldadinhos de chumbo e ao esconde esconde, era um estratega nato.

O mais novo era Democracia que ainda mal sabia andar, mas que emanava de si uma vitalidade e uma força, que todos seus amigos sentiam que algo grandioso lhe estaria destinado. Todos eles achavam que Democracia teria de crescer longe da Escuridão e daquela velha e maléfica Ditadura.

Democracia

Ditadura
Juntos planearam em segredo na calada da noite algo que dito assim parecia simples:
“Roubar o sol a Ditadura e fazer da noite novamente dia em Abril!”.
Realmente eles estariam a mudar o rumo da história daquele outrora lindo e mágico lugar…
Porém, para tal acontecer, tinham de conseguir chegar perto de Ditadura, sem ela perceber, desatar o fio que prendia o sol ao seu pulso e libertá-lo, despertando todos os habitantes de Abril.


Assim, juntos poderiam empurrar aquela velha, rabugenta e má para dentro do Poço dos Esquecidos, e aí a fecharem junto com escuridão, para todo o sempre!
O que mais entusiasmava aqueles miúdos era a possibilidade de conseguir ver as cores das coisas, até então enegrecidas pela noite, poder distinguir as formas que a escuridão escondia. Tudo isso habitava seus sonhos.
Era agora o momento. O plano estava traçado.
Liberdade, junto com sua guitarra, daria o sinal, tocando uma melodia e cantando ao vento palavras proibidas, chamando a si a atenção dos corvos.
Alegria teria a missão de chegar junto de escuridão e atraí-la para junto do poço dos esquecidos.
Assim o pensaram, assim o fizeram!
Pularam em cima do manto da Escuridão, rasgando uma das suas pontas e correndo no meio da noite até seu destino.
Escuridão embebida de vaidade, raiva e orgulho ferido, nunca sequer pensou que estaria a ser atraída para o seu fim.
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Existem lugares que de tão belos, todos nós ouvimos falar e lá desejamos ir. Outros há que de tão especiais e mágicos, não nos é permitido saber sua localização.
Mas acima de tudo, de alguns sabe-se que o terreno em que habitam vai para além da terra que pisamos.
São estes territórios que apesar de não caberem num mapa, cabem na mente de todos aqueles que sonham. Pois eu sou um deles e a vocês posso dizer, eles são verdadeiros.

-Oiçam então as minhas palavras porque o que vos contarei, sussurrou-me ao ouvido Ventos de Mudança.
Ventos de Mudança, talvez não saibam, mas trata-se de um Trovador errante que vagueia há tanto tempo pela terra, que não se sabe sua paternidade, sua origem e sua idade.
É verdade que nunca seu corpo se viu, e muitos duvidam que ele exista, no entanto todos nós já o sentimos, quando uma brisa toca em nosso rosto ou simplesmente quando nosso cabelo se agita numa praia qualquer.
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